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Brasília
Nem bem chegamos ao terceiro mês de 2013 e o quadro eleitoral pra sucessão presidencial do ano que vem já se desenha há bastante tempo. Os principais partidos já se posicionam, algumas candidaturas já foram lançadas e até mesmo a campanha, propriamente dita, começou, com viagens de alguns dos principais líderes políticos por todo o país. As constantes visitas públicas de Lula, Aécio e Eduardo Campos a seus correligionários é exemplo disso.
Esse fato, apesar de cada vez mais comum, não é natural. O historiador da Universidade Federal de São Carlos, Marco Antônio Villa, aponta que apenas duas vezes em nossa história republicana o processo de corrida sucessória foi tão adiantado como agora. Uma vez no governo de Epitácio Pessoa, ainda na República Velha, quando menos de três meses após a posse, a imprensa já divulgava agenda dos candidatos à sucessão. A outra foi logo no início do governo de João Goulart, quando PSD e PSP lançaram Juscelino Kubitschek e Ademar de Barros respectivamente, para as eleições de outubro de 1965, ainda em abril de 1964. Seguindo a teoria de Nicolau Maquiavel, principal autor da Ciência Política a destacar a observação histórica nas decisões políticas, me preocupa muito este rumo de precipitação tomado pelas legendas brasileiras. Acontece que tanto na República Velha, quando em 1964, esse adiantamento da corrida eleitoral desencadeou crises importantes. No fato mais remoto a sucessão de Epitácio Pessoa gerou uma revolta em 1922, chamada de 5 de julho, que iniciou o processo de fim da República Velha. Já em 1964 esse fato influenciou, e muito, no golpe militar do dia 31 de março daquele mesmo ano. Porém PT, PSDB e PSB não demonstram muita preocupação com a história republicana e já estão disputando até tempo em televisão para o pleito do próximo ano. O partido do governo já lançou a presidenta Dilma Rousseff à reeleição no dia 20 de fevereiro, mais de 600 dias antes das eleições. Sem ficar atrás o governador do Ceará, Cid Gomes, um dos principais líderes do PSB também já indicou seu colega Eduardo Campos pra concorrer ao cargo. Ainda mais apressado que os dois foi o PSDB, que no dia 3 de dezembro de 2012, quase dois anos antes do dia da eleição, oficializou Aécio Neves para a disputa. Como se não bastasse surge mais um personagem nesse quadro. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, do PMDB, maior partido do Brasil e da base aliada; iniciará uma série de viagens, como aquelas feitas por Lula, Campos e Aécio; em busca de apoio para tentar viabilizar seu nome. Com isso temos duas candidaturas já oficializadas, Dilma e Aécio Neves; além de mais dois pré-candidatos importantes. Hoje os quatro maiores partidos do país já estão armados pro processo, que se dará daqui a 19 meses. Raoni Ras
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_Tanto os líderes do PSDB quanto a série global ‘O Brado Retumbante’ já estão precocemente em 2014. Tendo o ex-governador mineiro Aécio Neves como “candidato natural” (Fernando Henrique Cardoso à publicação britânica The Economist), essa parceria pretende tirar boas noites de sono de Lula e Dilma.
Pela parte tucana nada surpreendente. Depois de três derrotas seguidas e atuações vexatórias, que só não destruíram a imagem do partido pela falta de competência dos outros grupos oposicionistas, era de se esperar que voltasse mais organizado, ou pelo menos tentasse, já que o povo não agrada mais do elitismo da dita socialdemocracia brasileira. Para voltar a ser competitivo, frente à hegemonia do lulismo, o PSDB vem chamando pra si a responsabilidade pelo sucesso econômico e social do governo petista. Verdade ou não, e eu acredito na segunda opção, isso não tem convencido o eleitor que continua colocando Lula muito a frente de FHC na lista de melhores presidentes. O que me assusta é o descaramento global, afinal de contas essa prática deveria ter acabado em 1989. Não há dúvidas que o deputado Paulo Ventura, jovem, bonitão e mulherengo, líder da oposição, defensor da honestidade; é a cópia quase perfeita de Aécio, não fora a falta da blitz da lei seca e os escândalos de corrupção encobertos pela imprensa mineira. De agora em diante vai ser assim. Querendo voltar pra mamata dos tempos de Pimenta da Veiga nas comunicações, a rede dos Marinho começa com um seriado; depois plantará factoides; transformará uma bolinha de papel em pedra, tijolo ou algo do tipo; e por fim recontrata Boris Casoy pra fraudar um debate. Já conhecemos essa história. O povo brasileiro tem de abrir bem os olhos e não se deixar manipular por essa corporação jurássica. A sorte é que nos dias de hoje, diferente da década de 1980, temos um líder capaz de, politicamente, sustentar-se ainda que a Globo não queira. Raoni Ras _É verdade que estamos passando por um momento de turbulências populares em todo o mundo. Alguns cidadãos têm tido mais identidade e tomado as ruas na defesa de seus ideais, ideologias, princípios ou qualquer nomenclatura semelhante. Isso corre os quatro cantos, da “Primavera Árabe” ao “Occupy Wall Street”, passeando desde as mais belas manifestações, como a que levou à queda de Hosni Mubarak no Egito; até as mais torpes, como a ocupação da USP no Brasil.
Um ponto comum nessa recente onda é a função exercida nas manifestações pelas redes sociais, em especial o Facebook. Uma tecnologia moderna que vem cumprindo missões que, a priori, não compunham sua natureza, funções políticas e mobilizadoras. Devendo-se sempre ressaltar que, apesar de uma parte da mídia dizer o contrário, as redes sociais são apenas colaboradoras dessa mobilização, e não responsáveis por ela. Mas apesar de tamanhas semelhanças, essa onda de movimentos e manifestações que vem correndo o mundo recentemente merece ser dividida em subgrupos que remetem à seu caráter, tal como a suas demandas e objetivos. Mais especificamente em dois grandes subgrupos: o dos movimentos puramente democráticos e os dos movimentos puramente ideológicos. Um bom exemplo de movimento puramente democrático é o caso já citado do Egito, tanto as manifestações que tiraram Hosni Mubarak do poder em fevereiro deste ano, quanto as que pretendem agora contestam a Junta Militar que o substituiu na finalidade de reconstruir uma democracia. O que diferencia esses movimentos dos puramente ideológicos é, com o perdão do pleonasmo, a falta de monopólios ideológicos internos. Explico: diferente do que se observa nas lutas sindicais, por exemplo, no Egito não há soberanamente a bandeira de um partido, de um viés político; mas sim uma unidade de diversas mentes e opiniões em torno de um bem comum, a democracia. Isso é o que garante o caráter mais impessoal e, consequentemente, mantém a credibilidade desses movimentos sob os mais diversos pontos de vista (à exceção daqueles mais conservadores e os ligados ao governo antigo). Esse caráter impessoal é mais difícil de ser encontrado nos movimentos puramente ideológicos, porém não é impossível. Vamos então aos movimentos puramente ideológicos. Um caso claro é o “Occupy Wall Street”, ou trazendo para o nosso cotidiano, o “Ocupa Rio”, cópia do movimento americano que levou algumas dezenas de jovens a acamparem na Cinelândia em protesto contra a atual conjuntura, resumindo, rebeldia institucionalizada. Diferente da “Primavera Árabe”, esses movimentos de ocupação em protesto contra tudo e todos, são monopolizados por linhas de pensamento e partidos, no caso do Brasil comunistas e anarquistas, além de PSOL, PSTU, PCO e outros nanicos vermelhos. Nisso consiste um pouco da falta de credibilidade que o “Ocupa Rio”, por exemplo, tem. Na maioria das vezes os movimentos ideológicos são promovidos e financiados pela esquerda. Em nossa história eles são mais que presentes, que o diga a Coluna Prestes, o MST, os próprios sindicatos e mais recentemente as Marchas da Maconha e a Ocupação da USP. Essa explanação teve unicamente o objetivo de impedir que seja feita qualquer comparação entre a “Primavera Árabe” e o “Occupy Wall Street”, por exemplo, apenas pela semelhança na utilização das redes sociais. Apesar de as formas de divulgação serem as mesmas, o caráter dos protestos é completamente diferente, pra não dizer oposto. Raoni Ras No ano de substituição das camadas executiva e judiciária da República Brasileira, onde eleições diretas alteraram boa parte do poder público do país, surge um novo tema a ser abordado pela sociedade pensante: A Reforma Política.
Há alguns anos o Brasil vem sendo alvo de críticas internacionais pelos inúmeros escândalos em que se envolveu. Uma das Democracias mais consolidadas do planeta, infelizmente é também uma das menos confiáveis quanto à honestidade. Segundo pesquisa divulgada pela Transparência Internacional, 64% dos brasileiros avaliam que a corrupção vem crescendo desde 2007. Na tentativa de alterar esses parâmetros e dar maior confiabilidade ao governo que se forma, a presidenta, Dilma Rousseff, recebeu a nova composição do Congresso com um discurso que convocou Deputados e Senadores a trabalharem juntos pela Reforma Política. Dias depois presidentes da Câmara e do Senado Federal anunciaram comissões parlamentares no intuito de discutir o tema. Dentre os assuntos que já começam a se arranjar, um que vem gerando divisão entre a esquerda, representada principalmente pelo PT, e a direita, representada principalmente pelo PSDB, é a questão do Financiamento Público de Campanhas Eleitorais. Atualmente as campanhas provêm de financiamento privado e isso abre um campo de atuação para a famosa “troca de favores”, expressão utilizada para o negócio ilegal entre empresas e políticos. O projeto do financiamento público vem na tentativa de romper com essa atividade fraudulenta. Vários casos de corrupção envolvendo financiamento de campanha chegaram à mídia brasileira e internacional nas últimas décadas. Grandes empresas, em sua maioria construtoras, injetam valores elevados em campanhas eleitorais, e em alguns casos recebem beneficiamentos em futuras licitações. O projeto do Financiamento Público, apesar de combatido pela Direita, que tecnicamente detém o capital para investir em suas campanhas; é uma revolução no processo de evolução ética do governo. Essa linha é defendida, portanto, pela Esquerda, que pretende apoiar-se no investimento governamental para equiparar valores de suas campanhas eleitorais com as dos concorrentes da Direita. Durante os próximos meses, se estenderão pelas comissões legislativas várias discussões, que enfim serão capazes de mostrar à população leiga qual a real divisão política no Brasil, que não ocorre entre Democratas e Republicanos, como nos EUA. Se tornando muito mais difícil de ser compreendida, já que ideologias diferentes habitam um mesmo partido, enquanto ideologias iguais se dividem em partidos diferentes. Raoni Ras |